segunda-feira, 10 de junho de 2013

AFINAL, O QUE ESTAMOS FAZENDO COM AS CRIANÇAS? DESEDUCANDO PARA O FUTURO? (NOVA LEITURA)

 

Casos de psicopatia infantil

Com o aumento absurdo de casos de psicopatia infantil, parece que finalmente resolveram abrir espaço para se falar a respeito. Mesmo com o choque que tal assunto causa, é algo que precisa ser dito, visto, e principalmente estudado. Quando se trata de crianças nos tornamos cegos, deslumbrando uma inocência que Freud há tempos cantou a pedra dizendo ser dúbia.

De acordo com o psiquiatra Fábio Barbirato, chefe da Psiquiatria Infantil da Santa Casa (RJ), as crianças podem apresentar traços de psicopatia já aos 3 anos de idade. Pois é, aquela criança bonitinha brincando na praça, montando castelos de areia, pode ser um psicopata em potencial.

Agora vocês pensam: “Então uma criança de três anos seria capaz de algo tão hediondo?”, e lhes direi que sim, mesmo que o padrão dos casos estudados seja de crianças com mais de cinco anos, sete em sua maioria.

Creio que uma das histórias mais chocantes de psicopatia infantil seja a de Beth Thomas, que deu origem ao documentário Child of Rage (A Ira de um Anjo), no qual, nas sessões com a menina de apenas 6 anos, é visível sua completa falta de emoção e de empatia; São olhos azuis gélidos, e não expressam nada além de: “Eu mataria mamãe e papai à noite.”. É assustadora a forma como Beth consegue dizer que as pessoas tem medo dela, principalmente o irmão, pois ela o machuca “muito”.

Porém, a história de Beth Thomas possui ao menos uma explicação. Ela e seu irmão perderam a mãe ainda bebês e, desde então, Beth sofria de graves abusos sexuais de seu pai, gerando o Transtorno de Apego Reativo, que se deve por um desenvolvimento de formas perturbadas e inadequadas em estabelecer relacionamentos, além da falta de empatia (característica principal de um psicopata). 
Felizmente, os irmãos foram levados para um lar adotivo, no qual seus novos pais fizeram de tudo para dar amor a essas crianças – o problema é que os pais adotivos não tinham noção do passado de Beth, então a princípio era difícil acreditar que aquela menina de olhos azuis poderia estar por trás de acontecimentos estranhos pela casa. Quando começaram a perceber que o ninho de passarinhos estava com filhotes mortos, que facas estavam sumindo, e que o irmão de Beth surgia sempre com machucados estranhos pelo corpo, eles passaram a prestar mais atenção no comportamento da menina; então conseguiram enxergar que, de fato, Beth era um risco para todos, e decidiram que a melhor solução (além do tratamento do distúrbio) era trancar o quarto dela à noite.

Beth Thomas é um caso de psicopatia infantil à parte, pois de acordo com o documentário (bem oldfashioned) ela está curada e hoje em dia trabalha como enfermeira. Dizem que Beth leva uma vida normal, mas isso não acontece sempre – até me arriscaria a dizer que é raro – como podemos ver no caso de James Bulger, a criança que chocou a Inglaterra.

No dia 12 de fevereiro de 1993, Denise Bulger entrou com seu filho, James, de 3 anos, em um açougue dentro de um shopping na Inglaterra e, num piscar de olhos, o pequeno James havia simplesmente desaparecido. Com o desespero da mãe, logo os guardas do Shopping estavam à procura do menino, mas tudo acabou sendo em vão. Já era tarde demais.

Enquanto Denise estava no açougue, James foi atraído por outras crianças, Jon Venables e Robert Thompson (ambos de 10 anos) e, de acordo com as câmeras de segurança, pareciam mesmo estar à espreita – feito caçadores. James saiu com os meninos, e o horror começa aí.

Jon e Robert não só abusaram sexualmente de James, como tacaram tinta em seu olho (como método de tortura), e o espancaram mais de 40 vezes com uma barra de ferro, mostrando que o que aconteceu ali foi um ato suprassumo do hediondo. Só que não pára por aí: Após matarem James, os garotos decidiram jogar seu corpo nos trilhos de um trem.

O cadáver de James Bulger foi encontrado dois dias depois do desaparecimento, partido ao meio no trilho. O que chocou os médicos e a policia local foi o abuso, tortura e a forma overkill de matar, por isso demoraram tanto a concluir que os assassinos eram crianças. Você não espera que uma criança seja capaz de pensar num ato desses, mas como se pode ver, crianças psicopatas não pensam somente coisas perturbadoras, como acabam por realizá-las, também. 
Sei que é difícil digerir uma notícia dessas, então deixo vocês com o insight de Fábio Barbirato:

“Não é fácil a sociedade aceitar a maldade infantil, mas ela existe.  Essas crianças não têm empatia, isto é, não se importam com os sentimentos dos outros e não apresentam sofrimento psíquico pelo que fazem. Manipulam, mentem e podem até matar sem culpa.”

Agora nos perguntamos: Aonde se encaixa o tão esperançoso trecho: “We are the world, we are the children”?

 

UMA REFLEXÃO FEITA EM 2012 MAS MUITO ATUAL PELO TIPO DE REFLEXÃO QUE ELA PROPORCIONA AO LEITOR!



O depoimento de Xuxa Meneghel ao Fantástico não perde interesse, mais de uma semana depois de sua transmissão, o que é indicador seguro, senão de sua relevância, do impacto que provocou. Vai se formando maioria sobre a importância de uma grande celebridade revelar, em público, que sofreu abusos sexuais na infância. Entende-se que isso chama atenção para um problema gravíssimo e favorece seu enfrentamento, o que é confirmado pela explosão de denúncias em todo o país, desde o domingo retrasado.
Muita gente, entretanto, segue condenando Xuxa por praticar quase o mesmo crime de que foi vítima. Acusam-na de fomentar a sexualização precoce e a compulsão consumista de milhões de crianças, ao longo dos 30 anos em que está no ar. E recusam-se a reconhecer a sinceridade do depoimento ao Fantástico, porque a apresentadora falou de quase tudo, mas não desse aspecto sabidamente controverso de sua carreira.
Talvez Xuxa não tenha falado porque não lhe perguntaram. Ela foi entrevistada, convém não esquecer. Nessa modalidade jornalística, alguém pergunta e o outro responde. Não é comum o entrevistado pedir ao entrevistador para comentar algo que está fora da pauta, que não lhe foi proposto. Acontece, em geral, quando o tema adicional está nas preocupações imediatas da pessoa, é algo que a aflige na hora da entrevista e ela julga indispensável acrescentar.
Mimetização sexual
Se o humorista Claudio Manoel, o responsável pelo trabalho, fez ou não a pergunta, é ocioso saber. Mesmo que tenha feito, não teria como incluí-la na edição final. Contratado da Globo, não poderia submeter a emissora ao constrangimento de uma resposta incriminadora. Xuxa poderia admitir que sim, é a rainha da perversão dos baixinhos, mas que foi entronizada nesse papel pela televisão e nunca pôde experimentar um estilo diferente, porque o sucesso a impediu. E esta seria uma confissão intolerável. O silêncio sobre as suas próprias mazelas é um limite claro que qualquer veículo impõe à liberdade de expressão, quando se trata de nele gozá-la. Discute-se na mídia o possível, bem menos que o desejável.
É compreensível que Xuxa, como símbolo, seja o primeiro alvo da crítica – procedente – à sexualização precoce e ao consumismo incentivados pela TV. De fato, Xuxa encarnou a primeira apresentadora infantil que não foi a fadinha boa, ou a tiazona da garotada, tipos assexuados. Mas esse personagem televisivo só foi possível, em veículo de conteúdo tão controlado como é a TV, por uma conjunção de fatores mercadológicos e sociais, e por decisão de cúpula empresarial, da qual Xuxa certamente não participou. Não foi ela, de certa forma, que criou o próprio personagem. Foi ela quem o interpretou.
Xuxa sexualizou a criançada no momento em que foi importante, para a maximização do lucro na operação televisiva, renovar a programação infantil. O mercado crescente de produtos para esse público, no início dos anos 1980, exigia um novo comportamento das crianças, uma nova autoridade delas sobre os pais, para forçar a expansão do consumo e o giro da roda publicitária. Foi essa a força que criou Xuxa e empurrou os limites da moral pública, redefinindo o comportamento aceitável para as apresentadoras infantis.
Xuxa foi o veículo, o canal dessa mudança cultural, forçada por razões econômicas. Assim como Carla Perez, posteriormente, ampliou a coisa, ao dançar na boquinha da garrafa e levar meninas pequenas ao mesmo, sem perceber a mimetização sexual contida no gesto. Aconteceu na eclosão da “axé music”, um sopro de renovação para o mercado fonográfico já em crise. Vendesse disco, que importavam garrafas?
Outro depoimento
Muito bem, mas tudo isso é argumento para livrar a cara da Xuxa? Não, porque as pessoas não se livram de sua história e das responsabilidades que ela implica. É apenas uma tentativa de entendê-la e ao fenômeno que a gerou. Se todos somos produto das circunstâncias, muito mais do que da autodeterminação, com Xuxa não haveria de ser diferente. Há uma responsabilidade múltipla na trajetória da menina que desabrochou precocemente em mulher, foi abusada na infância por causa disso, pelo corpo converteu-se em esteio da família, e com o apelo dele galgou as escadas da vida.
Mas não seria importante que Xuxa admitisse a responsabilidade da TV e dela mesma na sexualização precoce, e pusesse o tema em debate? Sim, claro. Ajudaria tanto quanto combater a pedofilia, meta pela qual se bate. Só que isso dificilmente aconteceria em entrevista na televisão comercial, sobretudo no canal em que ela estivesse empregada. Não é mídia disposta à reflexão e sim à diversão. No máximo, a alguma – e controlada – informação. Autocrítica não está incluída.
A improvável análise da Xuxa sobre TV e sexualidade infantil só poderia ocorrer em outro foro, outra mídia. Mas esperemos que venha. Tomara que a repercussão da entrevista e a atualização da crítica de predação infantil, a única de fato pertinente que se pode levantar contra a apresentadora, façam-na refletir e permitam também este seu outro depoimento, em alguma oportunidade. Ele ajudará milhões de adultos, ontem crianças “abusadas” pela TV, a entenderem melhor a si mesmos e ao mundo complexo em que vivem.
***
[Gabriel Priolli, jornalista e produtor de televisão, é presidente de honra da Associação Brasileira de Televisão Universitária e diretor de conteúdo da Fabrika Filmes]

 Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.

Nelson Holihlahla Mandela

Algum tempo atrás, pela ocasião do mês das mães, um acontecimento me proporcionou uma reflexão sobre o que anda acontecendo na educação infantil do Brasil... Ao entrar em minha sala de trabalho me deparei com um enorme cartaz que fora confeccionado com recortes de revista para homenagear as mulheres! Um caprichoso trabalho orientado pela pedagoga e feito com carinho pelas crianças na parte da manhã... antes de iniciar meu trabalho, me pus a analisar o conteúdo que compunha a mensagem. eram recortes de fotos de poderosas e belas mulheres! De Gisele Bündchen a Dilma Rousseff...Pude identificar diversas modelos, atrizes, profissionais liberais, políticas... Todas muito bem vestidas (ou quase sem roupas...) e maquiadas, equilibrando em seus saltos e algumas ostentando seus belos pares de silicones (frontais ou traseiros) ou uma aparência de bonecas de cerâmicas, tal era o exagero no Photoshop... Procurei uma imagem que representasse a mulher trabalhadora... A dona de casa esposa do trabalhador de base e mãe daquelas crianças que passavam a maior parte do dia ali...Lembrei-me daquela mulher que vi sentada no alpendre de seu casebre de madeira, com um dos seios magros para fora, amamentando seu bebe... Cadê a foto daquela velha índia com um balaio nas costas? cadê as fotos das mulheres sem terras? as fotos das mulheres fazendo panelaço? das faveladas contando sobre seu dia-a-


dia? das idosas? por fim, questionei; cadê as negras? gordas? negra so tinha uma, gorda e idosa, nenhuma... Também senti falta da imagem professora...! Muitas revistas recortadas e pouco material aproveitado... Ora, ora... Mulheres são apenas as que ganham altos salários...? Pensei ca com meus botões; essa cultura do belo e do poder está impregnado no imaginário popular e é transmitido com naturalidade para a nova geração sem levar em consideração as consequências que acarreta no futuro dessas crianças, que não aprendem a conhecer e a respeitar seu ambiente social, a sua realidade do dia a dia, as diferentes formas físicas... Aprendem que mulher bonita é magérrima (então, sua mãe é gorda...) a bruxa é sempre uma velhinha ou uma senhora com uma verruga no rosto, nariguda...(vovó? tia? vizinha?) sem contar a sexualização precoce que vem sendo feita de forma sutil, que nem mesmos os profissionais da educação se dão conta disso...!

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