segunda-feira, 24 de junho de 2013

SOLEDAD

Madre, me apena verte así
el quebrado mirar de tus ojos azul cielo
en silencio implorando que no parta.

Madre, no te apenes si no vuelvo
me encontrarás en cada muchacha de pueblo
de este pueblo, de aquel, de aquel otro
del más acá, del más allá
talvez cruce los mares, las sierras
las cárceles, los cielos
pero, Madre, yo te aseguro,
que sí me encontrarás!
en la mirada de un niño feliz
de un joven que estudia
del campesino en su tierra
del obrero en su fábrica
del traidor en la horca
del guerrillero en su puesto
siempre, siempre me encontrarás!

Mamá, no te pongas triste,
Tu hija te quiere.

Soledad Barrett

Tradução

Mãe, me entristece te ver assim
o olhar quebrado dos teus olhos azul céu
em silêncio implorando que eu não parta.

Mãe, não sofras se não volto
me encontrarás em cada moça do povo
deste povo, daquele, daquele outro
do mais próximo, do mais longínquo
talvez cruze os mares, as montanhas
os cárceres, os céus
mas, Mãe, eu te asseguro,
que, sim, me encontrarás!
no olhar de uma criança feliz
de um jovem que estuda
de um camponês em sua terra
de um operário em sua fábrica
do traidor na forca
do guerrilheiro em seu posto
sempre, sempre me encontrarás!

Mãe, não fiques triste,
tua filha te quer.

Soledad Barrett”



Soledad fez este poema para a sua mãe no dia de seu aniversário, um pouco antes de partir para unir-se a grupos revolucionários que lutavam pela libertação de povos sujeitos à ditaduras. Com certeza, previu o seu destino.
Soledad Barrett, foi barbaramente espancada até a morte, junto com outros companheiros, pelos agentes da ditadura em 1973, traída pelo próprio companheiro do qual estava grávida, o "famoso" Cabo Anselmo, informante do delegado Fleury, infiltrado no movimento.
Soledad, nascida no Paraguai, era uma mulher linda aos 27 anos, libertária, poetisa, foi encontrada nua dentro de um barril numa poça de sangue, tendo aos pés o feto de 4 meses. Um dos mais hediondos crimes cometidos nos Anos de Chumbo da Ditadura Militar, no Brasil.

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